A fome, a guerra <br>e as políticas católicas
«As crises anárquicas, o desemprego e a miséria das massas operárias e camponesas assustam os donos do mundo capitalista e fazem com que temam pela manutenção dos próprios fundamentos do sistema. Daí provém a sua prática de recorrerem à colaboração do aparelho do Estado burguês a fim de atenuarem as contradições mais agudas da economia capitalista e de fazerem recair sobre os trabalhadores todo o peso da crise» (I. Kouzeminov, «O Capitalismo Monopolista do Estado»).
«Os grandes banqueiros calculam que o montante das riquezas do Vaticano se situem entre os dez e os quinze biliões de dólares. A Santa Sé tem grandes investimentos em bancos mundiais, grupos seguradores e importantes empresas transnacionais de produtos químicos, aços, construção civil, imobiliário, etc. Considerando, apenas, os dividendos destes investimentos, calcula-se que eles possam manter de pé todas as obras de beneficência católicas! Estes dividendos são pagos aos papas. Só João Paulo II tinha, quando faleceu, mais de mil apartamentos da cidade de Roma registados em seu nome» (Jenipapo News, «Vaticano tem Património inestimável»).
«A Nova Ordem será conduzida por um Governo Mundial e por uma unidade de sistema monetário constituída por banqueiros hereditários auto-seleccionados entre os seus pares, como acontecia na Idade Média. O resto da população será condicionada por limitações ao número de filhos, por doenças, guerras e fomes, até ao máximo de 1 bilião de seres considerados úteis para a classe dominante» (Dr. John Coleman, «A Hierarquia dos Conspiradores», 1992).
No plano das afirmações bombásticas, as cúpulas da Igreja procuram livrar-se do discurso ressequido do sobrenatural. Reconhecem, agora, que todo o mundo católico enfrenta uma crise de descrença na sua vocação. Aceitam, abertamente, navegarem no velho barco do capitalismo. E os cardeais já não desmentem sequer que corrói a Igreja universal uma crise particular que é simples componente das dificuldades intransponíveis que o capitalismo monopolista atravessa.
Acrescentam observadores italianos que o que se passa no actual conclave é uma caricatura de toda a hierarquia católica, dominada pela corrupção, pelas trapaças e pelo belicismo.
Com efeito, as contradições da Santa Sé são permanentes. Por exemplo, o papado propõe a adopção da democracia directa em todos os países enquanto avança com propostas de um governo único mundial e com um só líder; declara-se condutor das lutas contra a guerra e confessa deter enormes massas de acções nas bolsas de armamentos; ou afirma-se juiz moral nos tribunais mundiais que reprimem a droga, a violência, a pornografia e a corrupção, mas admite, quando denunciadas obliquamente, práticas das instituições católicas financeiras que envolvem a manipulação dos chamados produtos tóxicos e envolvem máfias organizadas, sociedades secretas, sistemas financeiros e governamentais corruptos associações caritativas e... assim por diante.
Tudo isto poderia parecer simplesmente má língua se, como antigamente, a fundamentação das acusações esbarrasse com o atraso das tecnologias da comunicação. Mas já não é assim. No caso do Vaticano, presentemente, a dificuldade apenas reside no tema a seleccionar para a denúncia, tantos eles são! Eis um só exemplo mais.
O Banco do Vaticano (IOR ou Instituto de Obras Religiosas) de há muito tempo se encontra mergulhado em sucessivos escândalos financeiros. Assim, quando Joseph Ratzinger foi proclamado papa Bento XVI, em 2005, um dos seus primeiros actos públicos foi o despedimento de todos os funcionários admitidos ao longo do magistério de João Paulo II. Aparentemente, o novo papa queria criar um cordão de segurança em torno do passado corrupto da instituição.
As medidas tomadas por Bento XVI, no entanto, chegaram tarde demais. Um jornalista italiano, Gianluigi Nuzi, entrou na posse de um vasto arquivo secreto que se apressou a copiar. O Vaticano, S.A. é um longo estendal de «roupa suja» onde tem lugar tudo quanto é crime, desde as alianças perversas à pedofilia, à prostituição, ao roubo fiscal, aos desfalques, à prática dos offshores, ao tráfico de influências ou, pura e simplesmente, aos crimes de morte!
Tudo isto é muito… mas há muito mais.
Tentemos traçar um simples esboço da forma como é possível usar a fome e a miséria para aumentar os lucros de alguns.